terça-feira, 20 de outubro de 2009
Adeus
ADEUS
Como se houvesse uma tempestade escurecendo os teus cabelos, ou, se preferes, minha boca nos teus olhos carregada de flor e dos teus dedos como se houvesse uma criança cega aos tropeções dentro de ti, eu falei em neve - e tu me calavas a voz onde contigo me perdi.
Como se a noite se viesse e te levasse, eu era só fome o que sentia; Digo-te adeus, como se não voltasse ao país onde teu corpo principia.
Como se houvesse nuvens sobre nuvens e sobre as nuvens mar perfeito, ou, se preferes, a tua boca clara singrando largamente no meu peito "A poesia é a filha da necessidade"
Eugénio de Andrade
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