NÃO QUERO ROSAS***
Não quero rosas, desde que haja rosas.
Quero-as só quando não as possa haver.
Que hei de fazer das coisas.
Que qualquer mão pode colher?
Não quero a noite senão quando a aurora.
A fez em ouro e azul se diluir.
O que a minha alma ignora.
É isso que quero possuir.
Para quê?...
Se o soubesse, não faria.
Versos para dizer que inda o não sei.
Tenho a alma pobre e fria...
Ah, com que esmola a aquecerei?...
Fernando Pessoa
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
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