segunda-feira, 9 de novembro de 2009

NÃO QUERO ROSAS***


Não quero rosas, desde que haja rosas.
Quero-as só quando não as possa haver.
Que hei de fazer das coisas.


Que qualquer mão pode colher?
Não quero a noite senão quando a aurora.


A fez em ouro e azul se diluir.
O que a minha alma ignora.


É isso que quero possuir.

Para quê?...

Se o soubesse, não faria.
Versos para dizer que inda o não sei.
Tenho a alma pobre e fria...

Ah, com que esmola a aquecerei?...



Fernando Pessoa

Nenhum comentário:

Postar um comentário